quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A Porciúncula abandonada - Mãe e mestra de Francisco

Queridos irmãos e irmãs


Muitas são as passagens da vida de Francisco ligadas à Porciúncula de Santa Maria dos Anjos.


A primeira relaciona-se ao chamado vocacional. Francisco estava no terceiro ano de sua conversão, mas ainda sem saber precisamente a própria vocação. 


Habituou-se a morar na Porciúncula já que todos a haviam abandonado e ninguém mais cuidava dela, como atesta Celano: “Entristeceu-se porque tinha grande devoção para com a Mãe de toda a Bondade” (1Cel 21). Põe-se então a cuidá-la e reformá-la, como fez com São Damião. E foi justamente lá, em Santa Maria dos Anjos que o fato se deu. 


O Evangelho do envio, proclamado na Missa de São Matias, iluminou Francisco.


A necessidade leva Francisco apenas à afeição; jamais à sua posse. Não foi por nenhum devocionismo ou romantismo, mas tão somente porque vê a necessidade da Mãe de Deus. 


A “Pequena Porção”, abandonada, descuidada de todos só não desabava, porque o Pai a sustentava. E Francisco é prático. Imediatamente, põe mãos à obra! E à medida que Francisco se envolve na restauração, ele se ilumina e se esclarece. 


Ele vai descobrindo e assumindo um novo modo de ser e de viver, atento aos acontecimentos: cuidar dos necessitados – de todas as criaturas, como o Pai. Só isso: CUIDAR! E há, por acaso, algo mais divino do que o cuidado, sem nenhuma outra intenção ou interesse? Ser como o Pastor!


Assim, a Santa Maria dos Anjos, abandonada e necessitada, torna-se a Mestra de Francisco. Ele mesmo a chamava de berço e mãe de toda a Ordem, por sua humildade e altíssima pobreza.


Francisco, aos poucos, vai-se tornando semelhante à Porciúncula. Torna-se ele mesmo um abandonado, um poverello totalmente entregue aos cuidados do Pai, como dissera anteriormente: “Agora, poderei dizer livremente: Pai nosso, que estais nos céus, e não meu pai Pedro Bernardone...”  


Ele próprio se sente cada vez mais como um carente: aquele que precisa de amor e do cuidado do Pai. Por isto, ele no auge da necessidade, próximo à morte, pede que seja levado para aquele lugar onde começara a receber conhecimento das coisas espirituais. E aí, completamente necessitado, totalmente entregue aos cuidados do Pai, sobre a irmã terra, transmite e ordena aos seus aquilo que aprendera: “Não saiam nunca deste lugar, meus filhos. Se os puserem fora por um lado, entrem pelo outro, porque este lugar é verdadeiramente santo e habitação de Deus (1Cel 106).


A Porciúncula para Francisco se tornou não apenas um espaço geográfico, onde Deus manifestou sua graça, mas um símbolo inspirador e convidativo a todos os franciscanos e franciscanas, para colherem ali a santa inspiração e a santa perseverança.


Que pela interseção de Nossa Senhora dos Anjos, o Senhor nos abençoe, nos proteja e nos conceda a paz.  

 

Denize Aparecida Marum Gusmão