Há 800 anos, dia seguinte à festa de Domingos de Ramos, Clara de Assis, toda adornada, fugiu de casa para unir-se ao grupo de Francisco de Assis na capelinha da Porciúncula.
As Clarissas do mundo inteiro e toda a Família Franciscana celebram esta data que significa a fundação da Ordem de Santa Clara espalhada pelo mundo inteiro.
“O Domingo de Ramos”, com a bênção e a procissão dos ramos de palmeira, desde muito possui um caráter nupcial. Liturgicamente é celebrada a entrada festiva de Jesus em Jerusalém, e misticamente a união de amor de Jesus com sua esposa, a Igreja, e para o povo esta era uma ocasião favorável para se procurar uma noiva ou se acertar um noivado.
É esta, pois, a atmosfera escolhida por Francisco e Clara como moldura eclesiástica das “núpcias” de Clara com Cristo. Para isto, ela deve adornar-se de uma maneira particularmente festiva. Ao que tudo indica, o bispo já havia sido informado... pois Clara permanece em seu lugar e o bispo vai até ela entregar-lhe o ramo.
Terminada a solenidade, à noite, Clara foge de casa e vai para a Igrejinha da Porciúncula, onde é recebida por Francisco que corta-lhe o cabelo diante do altar: gesto que, na época, era um “símbolo de transição” típico, para indicar uma mudança de estado: “ele diz que esta mulher já não pertence a si mesma, nem a outro homem, mas a Deus, de quem ela é serva”. (o corte de cabelo era reservado ao bispo; Francisco, a rigor, não podia).
Em seguida, Clara foi vestida com as roupas dos pobres, não tingidas, mais um saco que um vestido. Depois da alegria e das muitas orações foi levada para dormir no convento das beneditinas, em Bastia, a 4 km de Assis.
Junta-se a isto um outro símbolo: o despir as vestes da nobreza e o vestir uma roupa pobre, não tingida, que conserva a cor natural: lembra a terra de onde veio, a humanidade de Nosso Senhor Jesus Cristo e a solidariedade com “a gente comum e desprezada, os pobres e fracos, enfermos e leprosos e mendigos de rua” (RNB 9,1.3).
(Anton Rotzetter. Clara de Assis, a primeira mulher franciscana. Vozes-Cefepal, 1994. p. 70ss).
Irmãos e irmãs, com essa reflexão vamos viver plenamente o sentido do Domingo de Ramos, para que possamos acolher o “novo” oferecido pela Ressurreição de Cristo.
Denize Aparecida Marum Gusmão